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Arquitetos: Diana Radomysler, PROMONTORIO, Suzana Glogowski, Studio MK27 - Marcio Kogan
- Ano: 2011
Descrição enviada pela equipe de projeto. A convite de uma sociedade agrícola alentejana, o PROMONTORIO iniciou em 2005 a concepção do plano de pormenor de um aldeamento turístico sob o conceito de vineyard resort.
O projeto localiza-se numa parcela com cerca de 50 hectares, adjacente à histórica cidade branca de Montemor-o-Novo, a 25 km de Évora. Sob uma premissa relativamente inovadora, o programa propõe-se conciliar as valêcias e o serviço de um resort com a paisagem da vinha e a cultura do vinho, permitindo a cada proprietário, no âmbito do condomínio vinícola e com o apoio de um enólogo, plantar e combinar as diferentes castas, produzir, engarrafar e rotular o seu próprio vinho.
Num pequeno vale virado a sul, tendo como pano de fundo o castelo medieval de Montemor, o masterplan organiza-se em sete conjuntos distintos de moradias formando terreiros semipúblicos, formando aglomerados cuja volumetria é topologicamente evocativa dos tradicionais montes alentejanos. Além destes, um edifício central (hotel club-house) e um conjunto de apartamentos turísticos em banda, organizam-se em torno de um pequeno lago vocacionado para atividades de lazer, além de funcionar como albufeira de apoio à atividade agrícola. Integrado no resort, o hotel é o núcleo central de todo o conjunto. O programa inclui recepção, clube, restaurante, spa com piscina interior e zona de apoio às bandas de apartamentos turísticos. Incorpora ainda uma adega onde os hóspedes experienciam todo o processo do fabrico de vinho, desde a seleção das uvas, esmagamento e fermentação, vinificação, maturação, filtragem e engarrafamento.
O edifício foi concebido como um prisma articulado cujos quatro cantos foram cortados criando áreas de sombra e privacidade (recepção, lounge, esplanada do restaurante e pátio industrial contendo cubas de vinho). Estas últimas evocativas dos tradicionais muros altos dos pátios caiados alentejanos. Topograficamente, o volume foi cuidadosamente posicionado de modo a minimizar o seu impacto. No piso térreo, a grande janela da piscina interior sugere-se como que uma parede dobrada permitindo diferentes perspectivas sobre a paisagem. No interior, a madeira de carvalho estriada dos lambris e as espessas placas de ardósia preta do Alentejo conferem um ambiente de conforto, criando um contraste com as zonas técnicas de produção vinícola.
Localizadas em torno do lago, as suítes do hotel, nos chamados apartamentos turísticos, são implantadas numa série de socalcos, formando uma espécie de anfiteatro adjacente ao edifício principal. Adaptando-se à topografia e de modo a minimizar o seu impacto visual e a potenciar as vistas sobre o lago, estas casas estão semienterradas e seguem os contornos naturais do terreno. Neste cenário, foi possível criar um nível intermédio de estacionamento entre terraços, por onde se entra, descendo para um pátio a uma cota inferior. Tipologicamente, estas unidades são desenvolvidas em torno da sala, que abre para o pátio principal e para o lago. Protetora da inclemência do sol alentejano, uma pérgola estrutural gera um sombreamento a sul, gerando simultaneamente uma evocativa latada de vinha, que se funde com a paisagem circundante.